Matheus já lia, falava, começava a escrever com maior controle do tamanho da letra, mas Hellen percebeu que, durante a leitura ou nas atividades escritas, ele omitia alguns termos - sempre aqueles que remetiam a emoções. Na cantiga Boi da Cara Preta, por exemplo, o menino autista só cantava "pega essa menina que tem... de careta". A palavra medo era descartada do refrão.
"Deduzi que isso só poderia ocorrer, porque ele não entendia o significado dos sentimentos. Também poderia explicar sua dificuldade de saber reagir a algumas situações, uma vez que ficava agitado e agressivo tanto em momentos de alegria quanto de tristeza", lembra a professora.
Para ajudá-lo a conhecer e a lidar com as sensações, a professora decidiu pedir o apoio da turma, o que ampliou a capacidade de todos de expressarem suas emoções. A proposta de Hellen era simples e inusitada: quando alguém estivesse sentindo algo muito forte, positivo ou negativo, deveria se aproximar do Matheus e tentar explicar aquele sentimento.
"Quando uma criança com um caderno impecável recebia o meu carimbo de aprovação, por exemplo, fazia questão de abrir um sorriso para o Matheus e explicar que estava contente", exemplifica.
Assim, Matheus passou a entender as emoções que antes não conseguia expressar. "A idéia de Hellen foi genial e ilustra a importância de se construir na relação social as possibilidades de aprendizagem. Todos os alunos se beneficiaram", afirma a psicopedagoga Daniela Alonso, selecionadora do Prêmio Victor Civita – Educador Nota 10.
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